Quarta, 23 de Abril de 2025
A família da jornalista Vanessa Ricarte manifestou revolta após a decisão do juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Mato Grosso do Sul, que aceitou o julgamento de Caio César Nascimento Pereira apenas pelo crime de feminicídio, descartando acusações de cárcere privado, violência psicológica e tentativa de homicídio. Walker Ricarte, irmão da vítima, afirmou que as provas apresentadas são contundentes e que a família não aceita a limitação das denúncias.
Walker Ricarte, irmão de Vanessa, expressou a esperança de que o Ministério Público recorra da decisão do juiz, argumentando que as provas apresentadas deveriam ser suficientes para sustentar as acusações de cárcere privado e violência doméstica. Ele destacou que a família sempre percebeu que Caio exercia um controle sobre Vanessa, citando como exemplo o fato de o músico frequentemente responder às mensagens enviadas à irmã em seu lugar. Para Walker, esse comportamento já indicava um nível de domínio que, na visão da família, não foi devidamente considerado na decisão judicial. Ele reforçou que a família não imaginava que a situação pudesse chegar ao extremo do feminicídio.
Decisão judicial gera indignação
Walker Ricarte não escondeu a frustração com a decisão do juiz, que considerou insuficientes os elementos para sustentar as acusações de cárcere privado e violência psicológica. O magistrado argumentou que o Ministério Público não detalhou suficientemente os fatos. “Onde, quando, como e por que houve o delito de cárcere privado? São elementos que precisam estar descritos na denúncia”, questionou Garcete. Sobre a violência psicológica, ele destacou: “O Ministério Público não descreve suficientemente a conduta criminosa, tornando a denúncia inepta em relação a este crime.”
A família de Vanessa Ricarte acredita que as provas apresentadas no caso são claras e suficientes para sustentar todas as acusações contra Caio César. Eles temem que a decisão de restringir o julgamento apenas ao crime de feminicídio possa abrir um precedente perigoso, enviando a mensagem de que crimes dessa natureza podem, de certa forma, compensar. Walker Ricarte, irmão da vítima, em declaração feita à imprensa, defendeu a necessidade de penas mais severas e imediatas para casos em flagrante, sugerindo que a prisão deveria ser acima de 40, 50 ou até 80 anos, sem a necessidade de julgamento prolongado. Para ele, medidas assim seriam essenciais para inibir futuros crimes e garantir que a justiça seja feita de forma eficaz.
Tentativa de homicídio também foi descartada
O juiz também rejeitou a acusação de tentativa de homicídio contra Joilson Francelino Santana, amigo de Vanessa, que estava presente no momento do crime. Segundo o magistrado, não houve perseguição direta e, mesmo que uma tentativa tenha ocorrido, há indícios de que Caio desistiu voluntariamente do ataque. “Ocorre que não há descrição na peça acusatória de que tenha havido efetiva perseguição a Joilson e que o denunciado, por circunstâncias alheias à sua vontade, não conseguiu aplicar-lhe golpes de faca e matá-lo”, afirmou Garcete.
A família de Vanessa, no entanto, manifestou publicamente que espera que o Ministério Público recorra da decisão e que novas provas sejam apresentadas durante a fase de instrução do processo. Walker Ricarte reforçou a necessidade de justiça para sua irmã e para todos os casos de violência contra mulheres.
Próximos passos
O juiz deu prazo de 10 dias para a defesa de Caio se manifestar. Enquanto isso, o músico permanece preso aguardando a definição de uma data para o julgamento pelo feminicídio de Vanessa Ricarte. A família aguarda por novas etapas do processo, na esperança de que todas as acusações sejam reconsideradas.